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sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Manutenção da correia dentada do Tucson



Confira como é feito o procedimento de substituição da correia sincronizadora do Hyundai Tucson, ano 2006, com motor G4GC 2.0 16V
Fernando Lalli
Faz parte do papel do mecânico não ser apenas um grande conhecedor da mecânica de um carro, mas também saber se comunicar com seu cliente, dando dicas e conselhos para a conservação do seu carro. Por isso, é tarefa do profissional da reparação alertar o proprietário para a importância da manutenção preventiva de elementos vitais do automóvel, como é o caso da correia sincronizadora: uma peça que dura algumas dezenas de milhares de quilômetros no motor, e que não altera o comportamento do carro em nenhum momento de sua vida útil, mesmo quando está para quebrar. E exatamente por isso demanda muita atenção, porque se o proprietário do veículo esquecer da manutenção e a peça vier a estourar... A dor de cabeça será muito grande.
A correia sincronizadora, como o próprio nome sugere, é responsável pela sincronia entre o comando de válvulas e o virabrequim, fazendo com que pistões e válvulas trabalhem no tempo certo dentro do cilindro. De acordo com o consultor técnico da Dayco Power Transmission, Davi Cruz, se a correia arrebentar, pode ocorrer atropelamento de válvula (quando o pistão em ascensão bate na válvula aberta) ou até mesmo furar um cilindro do motor. Ou seja, sem a manutenção preventiva da correia, a ameaça de perda total do motor não é pouca.
A correia sincronizadora não dá aviso sobre quando está no fim, não há mudança de ruído nem perda de potência. "O mecânico tem que estar atento à quilometragem do carro e fazer a cada 20 mil km uma inspeção visual, onde a correia não pode apresentar espelhamento ou a marca dos dentes no dorso. Estes são os indicativos de que a peça está em seu final".
O veículo utilizado no procedimento desta reportagem foi um Hyundai Tucson 2006, com motor G4GC 2.0l e 16V, e quase 79 mil km rodados sem nenhuma troca de correia. Levando em conta que a vida útil da peça naquele motor é de 60 mil km, o Tucson corria risco de sofrer quebra da correia e todas as suas consequências.
O que explica a "longevidade" da correia sincronizadora da Tucson é a tolerância que a peça é capaz de aceitar em condições de uso normal, quando corretamente aplicada. "Há tolerância de 20% na vida útil da correia desde que a tensão sobre ela esteja correta e o carro esteja conservado",ressaltando que essa tolerância é uma prerrogativa de todas as peças automotivas feitas de borracha.
Mas em veículos destinados a uso severo ou que enfrentam trânsito pesado, o motor passa muito tempo ligado sem girar o hodômetro, ou seja, gastando a peça mesmo que o carro não esteja em movimento. Portanto, não é bom contar com essa tolerância, ainda mais em um veículo que enfrenta os congestionamentos de São Paulo, como é o caso do Tucson desta reportagem.
Procedimento de desmontagem
A correia sincronizadora do Tucson fica localizada atrás de três correias de acessórios, três capas plásticas e tem seu acesso dificultado ainda pela caixa de roda, que é quase totalmente rígida, e pelo formato do suporte do coxim no bloco do motor. É uma região do carro bastante ingrata de se trabalhar, mas não quer dizer que este seja um procedimento difícil: é apenas mais trabalhoso. Vá com calma e não se esqueça de utilizar óculos de segurança, luvas de proteção e botas com biqueira de aço.
1) Levante o carro pela longarina e apoie o lado direito do carro com cavalete. A roda esquerda deve ficar no chão para facilitar na sincronização do motor mais adiante. Deixe as rodas viradas para a direita, também visando o melhor acesso à região da correia.
2) Remova a capa plástica de proteção superior do motor. Em seguida, retire a capa plástica da caixa de roda direita, para dar acesso às polias inferiores.
3) Com o macaco, apoie o motor para fazer a retirada do coxim. Em seguida, solte o suporte do chicote elétrico para ter melhor acesso ao local.
4) Remova o suporte superior do coxim, depois vá para os parafusos das bases do coxim, presos na carroceria.
5) Em seguida, retire o coxim, tomando cuidado para não enroscar nos diversos elementos que estão "no caminho".
Obs: Como este coxim é hidráulico, aproveite para verificar se a peça não possui vazamento de óleo. Caso haja, a peça estará condenada e deve ser substituída.
6) Siga para a polia integrada da bomba d'água, que deve ser retirada. Há pouco espaço para soltar os parafusos devido à caixa de roda, então, de acordo com a necessidade, suba o motor no macaco hidráulico ou gire o motor para melhorar a posição dos parafusos. Estes parafusos costumam estar muito presos, então tome cuidado para não espaná-los.
7) Volte para a caixa de roda e solte o parafuso da polia tipo damper do virabrequim, que está ligada às correias auxiliares do ar condicionado e do alternador. Em seguida, retire o anel que protege a polia dentada do virabrequim.



Obs: Ao remover esta polia damper, verifique seu desgaste e o estado de sua borracha. Essa borracha serve para amortecer a vibração do conjunto. Se estiver ressecada e com rachaduras, evite arriscar e troque a peça.
8) Retire as correias auxiliares do alternador (ligada à polia damper do virabrequim) e da direção hidráulica. Na sequência, tire também a correia auxiliar do ar condicionado, que também vem do virabrequim.
9) Faça a remoção do suporte do chicote elétrico e, na sequência, tire a capa de proteção superior da correia sincronizadora.  




10) Depois, solte a capa de proteção inferior da correia sincronizadora, tomado cuidado por se tratar um local de difícil visualização.
11) Neste procedimento, a capa ficou presa no suporte do coxim que fica no bloco do motor, obrigando a retirada da travessa deste suporte. Se for necessário, abaixe um pouco o motor para que a capa consiga passar pelo vão entre a caixa de roda e o motor.  




12) Gire o virabrequim para coincidir o ponto da polia do comando de válvulas com a marcação do PMS (Ponto Morto Superior) no bloco do motor. A polia do virabrequim também possui uma marcação no bloco através de um ressalto, que, por ser descentralizada, requer a atenção do mecânico. O sincronismo deve estar perfeito.




Obs: Para manter o ponto do motor, neste procedimento optou-se por deixar o carro engatado e com a roda esquerda apoiada no chão.

13) Em seguida, solte o tensionador da correia sincronizadora. Depois, remova o rolamento de apoio da correia.

14) Feito isso, remova a correia sincronizadora sempre pela parte de cima, ou seja, a partir da polia do comando de válvulas. Tome cuidado para que a correia não enrosque em alguma peça ou no suporte do coxim.
Análise e cuidados com as peças
1) A correia sincronizadora tinha a marca dos dentes bem aparente em seu costado. Isso é um indicativo do desgaste que sofreu por rodar tempo demais no carro, o que representava um grande risco para o motor.
2) O tensionador apresentava folga axial e radial, além de ter perdido toda a sua lubrificação, algo também decorrente do excesso de quilometragem. O rolamento de apoio aguentou melhor o impacto do uso além do recomendado, mas também apresentava folga axial.
3) Quando você fizer a manutenção, aproveite o momento da desmontagem para analisar o estado das polias do motor. Neste caso, tanto a polia do comando de válvulas quanto a do virabrequim estavam em ótimas condições, sem apresentar calos, deformação nos dentes ou "emborrachamento" (resíduo de borracha da correia).



4) As correias sincronizadoras não podem de forma alguma ser dobradas ou torcidas. Sua flexibilidade máxima é a angulação de uma polia para a qual ela foi designada para trabalhar em conjunto, não mais do que isso. Entre suas camadas, as correias têm cordonéis, feito de fibra de vidro, no caso da correia sincronizadora, que pode se romper caso sofra manuseio incorreto. Se isso ocorrer, a peça estará inutilizável. Por isso, nunca compre correias sincronizadoras que estejam fora da caixa, ou mesmo com a embalagem sem lacre, para não perder a garantia de fábrica de receber um produto que esteja totalmente em condições de rodar dezenas de milhares de quilômetros dentro de um motor.
5) Aproveite também para verificar todos os itens desmontados, como polias e correias auxiliares, e faça as trocas necessárias.
Montagem da correia sincronizadora
O processo de montagem das correias de acessórios, polias e coxim do motor é o inverso da desmontagem. Apenas o procedimento de montagem da correia sincronizadora possui passos específicos.
1) Parafuse o tensionador novo no bloco do motor, mas apenas encoste-o. Em seguida, fixe o rolamento, que já pode ser apertado devidamente.
2) Coloque a nova correia a partir do virabrequim, apoiando a parte tensa no rolamento e no comando de válvulas, mantendo a parte frouxa da correia sempre voltada para o tensionador.
Obs: A correia do Tucson original possui referência de direção de trabalho. Na reposição, a Dayco recomenda que o mecânico sempre monte a peça com o logo da marca voltado para ele para criar essa indicação. Fique atento a outros modelos que possuam a direção de trabalho determinada: caso não haja, sempre que for feita qualquer reparação que envolva a correia, faça uma marcação indicando o sentido de trabalho em que ela está rodando.
3) Para apertar o tensionador, gire com uma chave Allen 5 mm no sentido horário, até que a correia atinja o torque correto. Neste caso, o torque foi medido com o tensiômetro, onde a tensão para a medida desta correia (25,4 mm de largura) deve ser de 14 a 17kg. Outra forma de medição é com o dinamômetro, onde a correia deve deslocar de 4 a 6 mm sofrendo pressão de 2 kg.




Obs: Pelo fato de este ser um tensionador mecânico, ele não possui a referência de posição de trabalho que os tensionadores automáticos e semiautomáticos possuem, que facilitam a aplicação do torque na correia. Por isso, fique atento para aplicar o torque correto.

4) Após a montagem da correia, gire o motor de 4 a 6 vezes e observe os seguintes itens: se as polias saíram do ponto de sincronismo; se a tensão na correia continua a mesma; e se há desalinhamento da correia com relação à polia. Caso esteja tudo em ordem, proceda a montagem dos itens restantes.

Mais informações: Dayco - (11) 3146-4770 o Colaboração técnica: Peghasus Powered Motors

2 comentários:

  1. A reportagem é de Fernando Lalli na Edição 208 do portal O Mecânico e o site original é:

    http://www.omecanico.com.br/modules/revista.php?recid=640&edid=53&topicid=2

    Copiar e colar sem citar é antiético. Não façam mais isso!

    ResponderExcluir
  2. Oi mediga e as marcas da polia,do comando de valvolas, estas marcas estão na polia, e no cabeçote. o brigado

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