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quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Lubrificação sob medida



Venda de óleos lubrificantes a granel é uma das soluções encontradas para diminuir a poluição do planeta por conta do descarte de embalagens plásticas. Mais barato e econômico, o sistema vem ganhado espaço nas oficinas do Brasil

Victor Marcondes

Uma forma diferente de comercializar óleos lubrificantes está invadindo as oficinas nacionais. Ao invés de eliminar quilos e quilos de embalagens no lixo, os profissionais da reparação preferem ter o controle exato do produto dentro de um barril especial conhecido como granel. Apesar de não ser uma novidade no mercado, são poucos os estabelecimentos que utilizam esta alternativa. E não é por acaso, afinal, mesmo com a chancela dos seus mecânicos de confiança, os motoristas ainda dão preferência para as embalagens tradicionais.
Os granéis são tambores que, geralmente, comportam 200 litros, ou conforme a necessidade da empresa, e são abastecidos com o mesmo produto vendido nos vasilhames comuns, que têm bem menos litros. Basicamente, o negócio se diferencia porque o consumidor paga apenas pelo volume que será aplicado em seu veículo, evitando desperdícios ou sobras.
O gerente de marketing de Pesados da Castrol, Fabio Aubin, comenta como isso acontece na prática. “Um cárter de carro pode ter capacidade para 3,7 litros. O dono deste carro precisará comprar 4 litros de óleo na embalagem tradicional, ou seja, estará comprando mais óleo do que precisa. Com o granel o consumidor pagará pelo volume que realmente precisa. Além disso, o preço do granel é um pouco mais em conta do que o das embalagens comuns.”
A coordenadora de qualidade de produtos da Petrobras Distribuidora, Izabel Tereza, confirma como os benefícios acabam atingindo o bolso do motorista. “O consumidor final terá como vantagem o preço inferior em cerca de 10%, pois neste caso ele não estará pagando pela embalagem plástica. Por haver um medidor, existe mais precisão do volume que está sendo colocado no motor de seu carro”.
Para vender neste sistema é preciso que a oficina tenha um espaço para instalação de um equipamento específico para bombear o produto. Pode ser por compressão a ar ou manual, dependendo da distribuidora. O sócio-administrador da Redave Peças e Serviços, Helton Rech, que passou a utilizar barris em prol do meio ambiente, fala dos investimentos que fez em sua loja. “Cada tambor de óleo utiliza uma bomba. Colocamos o produto em jarras transparentes com medidas, para termos a certeza que estamos aplicando na quantidade correta. Cada bomba custou em média R$ 300,00.”
Ele afirma que começou a ver vantagens no granel desde que implantou em seu centro automotivo. “A primeira é o custo do produto que é inferior ao do óleo nas embalagens plásticas, a segunda é a redução da quantidade de frascos que temos que encaminhar para aterros especializados, já que não podem ser destinados para o lixo reciclável comum. O armazenamento do produto também é outro ponto a favor, pois ocupa menos espaço do que as caixas de óleo.”
Convencendo o cliente
Infelizmente, o consumidor ainda não confia suficientemente nesta nova maneira de comprar lubrificante. A credibilidade acaba quando se desconfia que pode haver adulteração do conteúdo do barril. A solução para isso, segundo Andrea T. Alves, coordenadora de marketing da Cosan - Lubrificantes Mobil, “é mostrar o lacre numerado de segurança na entrada dos mini-tanques com a data e nota fiscal da ultima entrega e expor o Certificado de Qualidade em local visível.”
Para conquistar o cliente, Helton diz que o seu argumento é comparar o granel com os frascos comuns. “Digo que o óleo que estamos oferecendo tem a mesma qualidade que o embalado, sendo o mesmo produto é da mesma marca que nossa empresa sempre comercializou. Em alguns casos chegamos a mostrar a nota fiscal da fábrica, comprovando que o óleo é da referida empresa.”
Além de mostrar a nota fiscal, a Castrol recomenda que o aplicador trabalhe com processos de segurança, qualidade e profissionalismo. “As lojas Castrol Auto Service ou mesmo lojas bandeiradas de outras grandes empresas do setor, passam por diversas auditorias que dão maior credibilidade ao consumidor”, diz Fabio. Porém, ele diz que mesmo assim isso não garante 100% de credibilidade, o que faz com que este segmento enfrente uma grande barreira para crescer nas lojas mecânicas e super trocas.
A validade do produto é outro fator que o aplicador deve sempre estar atento. O prazo pode variar de uma marca para outra. Por exemplo, no caso da Petrobras o tambor deve ser esgotado em até seis meses. O óleo lubrificante da Mobil, por sua vez, pode durar até 60 meses. Já a Castrol afirma que o tempo deve ser verificado na etiqueta de cada granel, pois pode variar dependendo da fórmula.
Benefícios ambientais
Sem dúvidas, a sustentabilidade nesta forma de comercializar óleo para motor é o grande mote para a continuação e insistência neste mercado. “A redução de lixo produzido é a principal vantagem para o meio ambiente. Gostaria que as oficinas mecânicas do Brasil passassem a usar mais este formato, para acostumar os clientes na procura por este tipo de produto”, analisa Helton. De acordo com ele, sua empresa comercializa em média quatro tambores de 200 litros por mês. “Isso gera uma redução de 800 embalagens que não precisam ser descartadas no lixo.”
Com as vendas de lubrificantes a granel, a Mobil conseguiu diminuir a produção de embalagens plásticas, evocando sua responsabilidade ambiental, tida como pilar fundamental para os negócios da marca. “Desde 2006, quando a companhia iniciou as vendas a granel, mais de 16 milhões de embalagens deixaram de ser utilizadas, para benefício do meio ambiente”, conta Andrea.
Agindo com a mesma fórmula de produção, a Petrobras estima que a não fabricação de 200 embalagens de 1 litro do óleo equivalem a menos 2,5 toneladas de CO2 emitidas na atmosfera. A Castrol, por sua vez, afirma enxergar os benefícios que a venda de lubrificante em tambor proporciona ao planeta, mas prefere omitir estes dados estratégicos.
A palavra sustentabilidade nunca foi tão amplamente empregada como nos tempos atuais. A insistência não é por acaso, está obrigando a indústria a desenvolver novas formas de comercializar produtos já consolidados no mercado. São projetos simples e inovadores como o granel que ajudam a refletir o consumo consciente, mais responsável. Apostar neste novo método também convida motoristas a repensar a forma de adquirir lubrificante para o motor do veículo. O processo é novo, mas tem tudo para dar certo. Para o mecânico não custa nada tentar e incentivar.

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